Notícias

Fundo Criatec tem primeira saída.

publicado em


DESINVESTIMENTO

 Após um ano e meio de investimento, Usix é adquirida pela global Ebix – por Monique Azeredo.

   Quando o Criatec, fundo de capital semente, investiu R$ 1,5 milhão ao longo de um ano e meio na empresa Usix, não podia imaginar que o retorno do investimento iria acontecer tão rápido, superando a expectativa dos investidores. A Ebix, líder mundial em soluções de software e e-commerce para o setor de seguros, adquiriu a Usix, que atua no mesmo segmento de mercado. Trata-se da primeira venda de uma empresa investida pelo fundo Criatec. "O que posso dizer é que o retorno foi bastante elevado e maior do que as nossas melhores expectativas", diz Robert Binder, gestor do fundo Criatec. 

 O negócio, cujo valor não foi divulgado, criará no País uma das maiores empresas de TI para seguros. A saída da Usix do fundo Criatec acontece após um ano e meio contado a data do investimento, tempo considerado recorde para um fundo de longo prazo. "Normalmente o prazo médio entre o investimento e a venda da empresa é de seis anos, e como se vê a Usix já é uma grande exceção a esta estimativa", vibra Binder.

  Com atuação em 69 países no mundo, a Ebix veio às compras de olho no rápido crescimento do mercado brasileiro de seguros, que faturou R$ 48 bilhões entre janeiro e julho de 2010, o que significa um crescimento de 15% em relação ao mesmo período de 2009, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). "A Ebix queria entrar no mercado de processamento de seguros no Brasil e viu na compra da Usix a sua melhor estratégia", conta Binder. Com a aquisição, a Ebix passa a ter acesso a uma tecnologia de ponta, conhecida como "cloud computing", aplicada ao sistema regulatório brasileiro na área de seguros - e a Usix ganha condições de disputar mercados internacionais.

  Na opinião de Binder, o que atraiu o comprador foi o fato de a Usix possuir uma equipe empreendedora. O gestor conta que, desde que o Criatec investiu na empresa, tem acompanhado de perto o acerto das decisões estratégicas que foram tomadas. A Usix estabeleceu uma aliança tecnológica com a IBM, uma das maiores empresas da área de TI, candidatou-se ao programa Endeavor e usufruiu dos benefícios oferecidos, além de ter sabido buscar recursos do fundo de investimento profissional, o que foi fundamental para tornar a empresa atrativa e valiosa. A companhia também abriu uma filial em São Paulo. "Fizeram tudo certo", ressalta.

  Com valor de mercado estimado em US$ 600 milhões, a Ebix possui mais de 100 seguradoras em sua carteira de clientes, além de contar com plataformas de corretores, bancos e conselheiros financeiros, e mais de 300 mil corretores/agentes. Em setembro de 2010, a revista Fortune classificou a Ebix como a terceira empresa que cresce mais rápido no mundo.

 

Aposta na inovação 

 

 Lançado em novembro de 2007 a partir de iniciativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o fundo Criatec é gerido por meio de um consórcio entre a Antera Gestão de Recursos S.A. e o Instituto Inovação S.A. Com 23 investimentos na carteira, trata-se de um fundo de capital semente voltado para empresas inovadoras que ainda estão em estágio inicial de desenvolvimento. O investimento acontece via compra de ações do empreendimento, visando obter lucro com a venda futura das participações. Apesar de o risco ser maior neste tipo de investimento, a perspectiva de retorno é alta. "E difícil investirmos em algum negócio que não projete uma taxa interna de retorno superior a 40% ou 50%", aponta Binder.

  Ele ressalta que o Criatec é o primeiro fundo brasileiro a trabalhar o capital semente em larga escala, e oferece uma grande vantagem de entrar em tecnologias antes ignoradas e que poderão ser grandes apostas futuras. "Somos first movers, ou primeiros entrantes em muitos setores de altíssimo potencial, como nanotecnologia, biotecnologia e TI", cita.

  Segundo Binder, que também é sócio fundador da Antera Gestão de Recursos, o Brasil finalmente entrou no radar da nuvem de dinheiro que passeia pelo mundo, e os investidores internacionais estão de olho nas inúmeras oportunidades apresentadas no País. Ele acredita que a atividade de private equity, da qual o capital semente é um elo da cadeia, está em franca expansão. "O Brasil está finalmente descobrindo a sua própria ciência e o potencial que ela apresenta. Estamos todos muito cientes de que precisamos adicionar valor agregado aos nossos produtos e substituir a importação de inovação por projetos nativos" defende.